Claude Code é caro, caótico mas divertido
Relatos de uma semana utilizando a nova ferramenta de IA da Anthropic.
Quando a Anthropic anunciou sua nova CLI, o Claude Code, eu não fiquei nem um pouco empolgado. Sinceramente, não entendi o sentido. Por que programar via CLI se já temos algo decente dentro de uma IDE completa como o Cursor?
Ainda assim, após ler algumas avaliações interessantes, resolvi testar. Aqui vai o que aprendi após uma semana usando a ferramenta (e gastando alguns dólares pelo caminho).
Comparação com Cursor
Primeiro, vamos direto ao ponto. Por que alguém pagaria cerca de $5 por sessão no Claude Code se pode pagar $20 pelo Cursor e usar indefinidamente1?
Na minha experiência, existem dois cenários distintos onde cada ferramenta claramente leva vantagem.
Gerenciamento de Contexto
Quando o contexto necessário para a tarefa é relevante, o Cursor ganha com folga. A capacidade de controlar exatamente quais arquivos serão usados como base pelo modelo ajuda muito a obter resultados precisas.
Por exemplo, digamos que seu projeto tenha um padrão bem definido, separando as APIs em rotas, serviços e schemas. Se você precisa criar um serviço novo, basta abrir arquivos semelhantes, adicioná-los ao contexto e pedir algo como "siga o padrão definido nos arquivos X, Y e Z."
Já no Claude Code, não há uma maneira prática de marcar arquivos, apenas descrevê-los verbalmente. Essa abordagem é inferior, já que ou você precisa ter uma codebase muito pequena ou uma memória perfeita do path dos arquivos—algo que eu não tenho e nem acho que deveria.
Vibe Coding
Eis o termo do momento: vibe coding. Basicamente, é quando você interage mais do que lê ou escreve código. É um jeito meio caótico de desenvolver e, sendo honesto, bastante divertido.
O Claude Code surpreendentemente funciona muito bem nesse cenário. Estar fora da IDE ajuda a entrar nesse modo—você apenas monitora superficialmente a IA, fazendo outras coisas em paralelo. Erros são frequentes mas corrigidos automaticamente. Você está literalmente supervisionando o processo, e essa é a forma mais próxima de se programar com linguagem natural no momento que escrevo este post.
Combinado com ferramentas como o Superwhisper, a experiência fica ainda melhor. No modo vibe, prompts precisos são desnecessários—você apenas libera sua mente e deixa a IA organizar seus pensamentos.
É realmente uma quebra de paradigma: falar enquanto se anda de um lado para o outro, murmurando ideias sobre como algo deveria funcionar, confiando na IA para cuidar do trabalho pesado.
Claro, isso pode sair caro. Trabalhar no modo vibe tende a ser impreciso—às vezes a tarefa leva até mais tempo, o contexto começa a crescer, o modelo se confunde e perde-se eficiência.
Por outro lado, esse método é muito menos cansativo mentalmente, tornando a velocidade com que se completa a tarefa algo irrelevante. Da mesma forma como você não tenta bater seus PRs toda vez que vai à academia, há espaço na programação para momentos onde o que importa é progredir.
Quando realmente usá-lo?
Claude Code é ótimo para tarefas chatas. Por exemplo, consegui configurar o Pytest em minutos—algo que eu vinha procrastinando por pura falta de vontade. Em questão de minutos, eu já tinha testes prontos, documentação criada e um job rodando os testes a cada deploy.
Outro excelente caso de uso é quando desejamos expandir funcionalidades existentes, especialmente quando há espaço para criatividade ou pouca rigidez nas soluções. Que tal adicionar um reading mode a um app agregador de notícias? Deixe o modelo resolver. Precisa implementar uma busca server-side? Apenas peça.
No entanto, devido à menor supervisão inerente a esse workflow de trabalho, ele é ideal para projetos menores ou menos críticos. Se você precisa de adesão rigorosa a padrões ou best practices, o Cursor provavelmente te dará resultados melhores devido à maior facilidade de se gerenciar o contexto.
Preço
Não tem como fugir: é caro. Talvez não tanto em termos absolutos, mas com certeza em termos relativos.
Se alguém resolve seu problema por $5, parece razoável. Em um mês, é o equivalente a um estagiário dedicado por $100—nada mal.
Ainda assim, para quem está acostumado a gastar cerca de $20 por mês com ferramentas cuja proposta é a mesma (OpenAI Plus, Claude AI, GitHub Copilot, Cursor), o preço final é salgado.
O fator diversão é legal mas nem sempre apropriado. De fato, funciona muito bem em toy projects. Mas daí o ROI cai drasticamente—você está disposto a gastar $20-$30 dólares num projeto de fim de semana que provavelmente não vai gerar nenhuma receita?2
Sendo sincero, se eu não tivesse carta branca para experimentar com ferramentas de IA, provavelmente não teria usado o Claude Code tanto assim.
Esse é o futuro da programação?
Provavelmente não—e sinceramente, não me importo. Por enquanto, é apenas uma ferramenta interessante para tarefas bem determinadas, seja permitindo uma liberdade criativa, seja resolvendo problemas cuja implementação não faz tanta diferença.
Há claramente problemas de UX que provavelmente serão corrigidos em breve—como as cansativas solicitações de permissão para ações inofensivas—mas ironicamente, sua simplicidade também é parte do seu charme.
Claro, nada disso importaria se o modelo subjacente fosse ruim—o que não é o caso. Na verdade, Claude 3.7 Sonnet (e sua variante de reasoning) são possivelmente os melhores modelos atualmente disponíveis para programação, contribuindo bastante para uma experiência agradável.
Continuarei compartilhando minha experiência. Até lá, aproveitem o vibe coding (se a sua carteira permitir).
Esse artigo foi publicado originalmente em inglês: Claude Code is expensive, reckless, and weirdly fun.
Não é de fato um uso ilimitado uma vez que você pode ser rate-limited.
Não que eu já não tenha gastado muito mais no fim de semana com coisas claramente menos divertidas.